Stephansplatz, Viena (2010)

domingo, 17 de outubro de 2010

McDonald's

Muita gente quando está em um país diferente prefere comer no McDonald's pela garantia de não ter nenhuma surpresa na hora da refeição. O cardápio oferece basicamente sanduíches, batata frita e refrigerante, certo? Errado, mais do que uma opção segura é possível conhecer um pouco da cozinha de cada país através dos lanches diferentes que são oferecidos em cada McDonald's.

Fica difícil reconhecer qual é o lanche mais diferente e ao mesmo tempo bom dando uma rápida olhada no cardápio exposto nas paredes e em uma língua diferente da sua. Os sanduíches tradicionais sempre tem espaço garantido e privilegiado, mas é preciso um olhar atento para identificar o que é especial e único no país que você está. Nem sempre a gente consegue, mas o mais importante é comer!

Em Paris eu fui de Le P'tit Gratiné e Les Deluxe Potatoes.

Le P'tit Gratiné e Les Deluxe Potatoes (Paris)

Le P'tit Gratiné (Paris)

Esse sanduíche tem apenas 1 hambúrguer de carne, 1 fatia de queijo suíço, parmesão gratinado por cima do pão e alface. O Le P'tit Gratiné é pequeno e de gosto suave. As batatas são saborosas, mas a porção não é nada generosa.

Em Praga eu experimentei o McCountry: dois hambúrgueres de porco, 1 fatia de queijo cheddar, alface, tomate, cebola e um molho à base de wasabi.

McCountry (Praga)

McCountry (Praga)

Com esse lanche é possível perceber a popularidade da carne de porco e a presença do wasabi na cozinha tcheca. Se você gosta desse ingrediente pode comer sem medo, mas se não gosta, melhor ir de Big Mac mesmo. Até o McDonald's não está totalmente livre de surpresas!

Em Munique percebi que o cardápio do McDonald's da estação Hauptbahnhof era fiel ao do McDonald's de Viena. Além disso, a prioridade lá era beber cerveja (veja aqui).

Em Viena fui muito ao McDonald's da rua Simmering. No começo eu ia para não arriscar, e no final porque o dinheiro estava acabando e era possível comer ou beber por apenas 1 euro. No café da manhã as opções de 1 euro eram: cappuccino, suco de laranja, McCroissant, McToast, Rösti e McMorning Bacon.


McCroissant (Viena)

McToast Käse (Viena)

McToast Schinken-Käse e Cappuccino (Viena)

McMorning Bacon e suco de laranja (Viena)

Rösti (Viena)

Rösti é uma espécie de batata em pedacinhos compactada e frita


Muito comuns, não apenas em Viena e em Munique mas em todos os países europeus por onde eu passei, os wraps ganham destaque ao lado dos tradicionais Big Mac e Quarteirão com queijo. Eu provei o de frango e o de carne, ambos com um molho de tomate apimentado.

Crispy Chicken Wrap (Viena)

Crispy Chicken Wrap (Viena)

Classic Beef Wrap (Viena)

Classic Beef Wrap (Viena)

O sanduíche a seguir era uma daquelas opções sazonais e faz tanto tempo que não lembro o nome. Consigo lembrar que era de bacon em um pão diferente e molho de wasabi. Esse ingrediente também está presente na cozinha austríaca.

Mc (alguma coisa) Bacon (Viena)

Na categoria snack eu provei um queijinho mussarela frito e as batatas Gitter. O queijo é bom, mas a batata... ou eu tive azar ou ela é mesmo encharcada de óleo.

Mozzarella Dippers (Viena)

Gitter Pommes (Viena)

Muitas pessoas na europa são vegetarianas e o McDonald's, para não perder essa clientela, oferece o seu Veggie Burguer: alface, tomate, molho de cebolinha e hambúrguer à base de vegetais. Eeeeeca. É ruim demais. Comi só por curiosidade.

Veggie Burguer (Viena)


Já em Budapeste, apesar da chuva, frio e o sentimento de dias perdidos, o McDonald's húngaro reservou uma das grandes surpresas da viagem: o melhor sanduíche de todos os McDonald's por onde passei.

O Marhahúrssal é um sanduíche com parmesão e bacon gratinados por cima do pão, alface, fatias de bacon, cheddar, hambúrguer de carne e uma espécie de hambúrguer de queijo. Esse hambúrguer de queijo explodia na primeira mordida e tinha gosto de requeijão cremoso. Hummmmm. Que delícia. Que saudade. Quando alguém me pergunta "O que você mais gostou em Budapeste?", a respota vem rápida e sem nenhuma dúvida "O sanduíche do McDonald's".

Marhahússal (Budapeste)

Marhahússal (Budapeste)



Marhahússal (Budapeste)


Agora a minha nota de zero a cinco.


Produto Cidade Nota 3
Marhahússal Budapeste 5,0
Crispy Chicken Wrap Viena 4,0
Deluxe Potatoes Paris 4,0
McMorning Bacon Viena 3,0
Classic Beef Wrap Viena 3,0
McToast Viena 3,0
Mozzarella Dippers Viena 3,0
Le P'tit Gratiné Paris 2,0
McCountry Praga 2,0
McCroissant Viena 1,0
Rösti Viena 1,0
Gitter Pommes Viena 1,0


Legenda:
0: horrível
1: ruim
2: dá para comer
3: bom
4: muito bom
5: delicioso

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Sustentabilidade

O assunto do momento é sustentabilidade. Morando em Viena percebi que a preocupação com o meio ambiente está presente não apenas na pesquisa, na política e no desejo das pessoas. A sustentabilidade está em todos os lugares e, principalmente, nos pequenos gestos que são repetidos diariamente e por toda a população. Muitas ideias simples podem ajudar o planeta desde que exista um esforço conjunto da sociedade e dos governos. Não basta você reciclar o lixo dentro do seu apartamento se não existir coleta seletiva na sua rua. Não basta uma única casa economizar água e energia se o resto das pessoas do mesmo quarteirão não fizerem o mesmo. As ideias existem e o que falta é a ampla divulgação e conscientização dessas ideias. Aqui vou listar alguns exemplos simples do cotidiano vivido em Viena. Para começar, vamos ao supermercado.

A primeira vez que entrei em um supermercado foi muito estranho. Existe uma espécie de catraca que abre automaticamente com a aproximação dos clientes e apenas em um sentido, ou seja, para sair não dá para virar as costas e voltar. Muitas vezes é preciso percorrer o mercado inteiro para encontrar a saída. Outro costume diferente do nosso é que os carrinhos ficam presos por cadeados e para utilizá-los é preciso depositar uma moeda no valor (acho) de 1 euro. Como nunca utilizei um carrinho, não sei dizer se é realmente este valor, mas o importante é que esse dinheirinho volta! Com o tempo eu me acostumei e aprendi a segurar tudo com as próprias mãos e braços. Acho até que posso tentar um bico de garçonete depois desse treinamento! Mas voltando a sustentabilidade... é possível encontrar nos supermercados de lá vários produtos com alças nas embalagens. Como, por exemplo, engradados de bebidas e pacotes de papel higiênico. Tudo com alça para ser carregado e, o mais importante, sem o uso das famosas sacolinhas de plástico.


Essa semana a notícia de que o consumo de sacolinhas de plástico no Brasil diminuiu 20% em 3 anos é comemorado. As medidas adotadas por (apenas) alguns supermercados aqui são: oferecer sacolas mais resistentes e que aguentem o peso de mais produtos diminuindo assim o número de sacolinhas utilizadas, oferecer caixas de papelão para serem utilizadas no lugar das sacolas de plástico ou ainda dar um desconto de R$0,03 para cada sacola não utilizada.

Bom, nos supermercados de Viena a medida é simples e radical. Não tem sacolinha de graça. Simples assim. Não tem. Ou você leva a sua própria sacola de casa ou então você tem que pagar de €0,30 a €0,50 cada uma. Tudo bem que quem converte não se diverte, mas converte ai. Converteu? Agora imagine você ir ao supermercado e pagar quase 1 real por sacolinha? No começo eu fiquei revoltada e pensei "Como que aqui eles não fornecem sacolas no mercado?". Eu sempre esquecia de levar a sacola e toda vez tinha que comprar uma nova. Comprei várias e sempre reclamando do sistema. Quantas vezes eu voltei da porta do prédio até o apartamento só para pegar a minha sacolinha. Até que criei o hábito de carregar sacolas dentro da bolsa ou da mochila. Parei de reclamar e comecei a aplaudir essa ideia.

Do supermercado para o banheiro. Em vez de utilizar toalhas de papel, lá eles utilizam toalhas de pano que são lavadas e esterelizadas (espero) para serem utilizadas novamente. Achei tão diferente que até gravei um vídeo.




Nas salas do instituto e até nos restaurantes as luzes ficam apagadas a maior parte do tempo. Elas são acesas somente se a luz do sol não iluminar o suficiente.

Caronas são oferecidas facilmente. Nem é preciso pedir.

As pessoas utilizam muito o transporte público. Até aquelas que tem carro. Mas isso já é um pouco mais complicado aqui no Brasil, uma vez que não temos transporte público que atenda todas as necessidades da população, se é que podemos chamar o que nós temos aqui de transporte público. Realmente, fica difícil comparar o metrô que temos aqui com um metrô que chega no horário e com intervalos precisamente cronometrados, limpo, amplo (na sua cobertura), rápido, com lugares para todos e barato (se levarmos em conta que o bilhete pode ser usado várias vezes durante todo o dia). Só para complementar, o transporte público em Viena conta ainda com ônibus, S-bahn (trem rápido que faz ligação com os subúrbios) e bonde.

Estação de metrô (U-bahn)


Estação de trem (S-bahn)


Bonde

Mapa do transporte público

Esses são apenas alguns exemplos. Existem vários outros. E você viu como as ideias são simples? Usar sacolas recicláveis, apagar as luzes, fechar a torneira, fazer xixi no banho, utilizar o transporte público (quando der), reciclar o lixo, dar carona, e muitas outras. São ideias simples que podem ser adotadas imediatamente e que teriam um efeito considerável se colocadas em prática no dia a dia de toda a população.

Confesso que eu adoraria ver os supermercados no Brasil adotando a estratégia de cobrar pelas sacolinha de plástico. Fico imaginando se isso iria dar certo aqui! Será que as pessoas deixariam de ir em um determinado supermercado se ele cobrasse pelas sacolas? Será que as pessoas aprenderiam a levar as sacolas de casa?


------------------------------------------------------------------------

Complementando a discussão sobre as sacolinhas, descobri que existem leis e projetos de lei nos estados que regulamentam o uso das sacolas de plástico. No Rio de Janeiro, por exemplo, a lei é de 15 de julho de 2009 aplicável em estabelecimentos de médio e grande porte. No dia 16 de julho de 2010 a fiscalização começou e alguns estabelecimentos foram multados porque em 1 ano não se adequaram à lei. Os estabelecimentos comerciais de pequeno porte terão mais um ano.

"A lei determina que esses estabelecimentos cumpram um dos três itens especificados pela nova legislação: oferecer gratuitamente para o consumidor sacolas retornáveis; ou desconto de R$ 0,03 para cada cinco itens ao cliente que não utilizar as sacolas plásticas para acondicionar suas compras; ou posto de coleta para que os consumidores possam devolver 50 unidades desses sacos plásticos e receber um quilo de arroz ou feijão", disse a secretária estadual do Ambiente, Marilene Ramos (aqui).

Mais do que a obrigatoriedade da lei que atua sobre os estabelecimentos, nós que somos os consumidores temos que nos conscientizar e levar as nossas próprias sacolinhas para o supermercado, feira, ou aonde quer que a gente vá. Claro que não é fácil lembrar de levar a sacolinha de casa, sobretudo se elas são oferecidas de graça, por isso a ideia de cobrar por cada uma é interessante. Muitas vezes quando o bolso dói a cabeça começa a funcionar melhor. E como bem lembrado pelo comentário da Luana, as compras semanais em vez das mensais diminuem o desperdício e também o consumo de sacolinhas. Experimente e comprove! Ah, e existem tantas sacolas recicláveis fofinhas. Olha essa que eu tenho na foto abaixo. Sem ocupar muito espaço ela pode ser carregada facilmente dentro da bolsa e em segundos se transforma em uma discreta, resistente e sustentável sacola multiuso!